domingo, 30 de novembro de 2008

Vôo cego





Eu gostaria muito de dizer que foi bom. E eu gostaria mais ainda que tivesse sido.
Ensinaste-me a ir além das nuvens, onde tudo é calma e o único som vem nosso próprio coração.


Descobrimos juntos que não somos pessoas comuns. Provamos da vida e, como vampiros, um do outro como quem prova um remédio muito amargo, mas que nem por isso nos impede de tomar sempre mais uma dose.

Apaixonarmo-nos assim um pelo outro foi como um salto no vazio, decolar sem planos de vôo, vôo perigoso e sem direção.

Se apaixonar assim foi beber até se afogar de um vazio existencial de total e completa solidão, mas que não nos fez mal algum e ao contrário sempre nos manteve de pé diante um do outro e, para além disso, diante do mundo.

Lá em cima onde o ar é tão puro que pode matar, são os ângulos sutis demais e, ao contrário do que eu já disse, exacerbadas excentricidades quando se tem total controle, quando se tem o poder de decidir a direção do teu vôo e da tua queda.

Mas nunca se pode decidir a direção para onde caminhará uma paixão.


Deixamo-nos, eu a ti e tu a mim, transformar em aberrações. Aberrações que se completavam na sua estranheza de ombros tatuados e, se estando longe, corria uma aberração ao encontro da oura. Não para ter paz, mas para ter mais estranheza.

E, e como deuses errantes, vimos que isso era bom.

Depois nos encerramos nas mascaras que permitimos nos pusessem.

E fim.

sábado, 15 de novembro de 2008

Por ser de mim


Eu tenho solidão.







E não tenho mais medo de nada.

Nem da chuva pesada, nem dos ventos que derrubam minha casa. Das bifurcações da vida eu não tenho mais medo.







Não tenho mais medo da morte, do silencio nem das abominações nervosas do mundo. Não tenho mais medo nem da mão furiosa de deus.


Pois eu descobri que minha alma é tão negra quanto a mais negra noite.