quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

"E no meio de uma profunda crise depressiva ele raspou completamente a cabeça."




Quatro tipos de demônios ladeiam os caminhos daqueles fazem deles (dos caminhos e não dos demônios) sua principal motivação.

O primeiro e o mais cínico de todos os demônios está sempre sorrindo,  é muito solícito e sempre tem um abraço e um lugar para te oferecer pousada.

O segundo demônio tem ódio no lugar do sangue! visita dia a após dia tuas frustrações, te causa febre, vermelhidão nos olhos e nunca pára para descansar.

O terceiro e mais intrigante dos  demônios nunca diz palavra alguma. Quase sempre está a fitar o céu tão intangível, risca o chão com a ponta dos dedos dos pés e quando o faz, o faz de modo que nos faça enxergar nossos erros que surgem ali no chão, fosse nosso próprio reflexo num rio extremamente sujo e doente. Para nisso tudo tentar nos arrastar para um abismo  cheio de "nuncas mais" e de muito medo. Por ultimo é preciso dizer que este terceiro demônio chora muito.

O quarto demônio é o mais bonito! Trás música nos olhos, leveza na voz, se alimenta de colibris, de "memórias que ninguém mais quer" e tem sempre na boca uma flor pronta a ser colhida!

Nesse tempo em que estive do lado de fora, pude sentir e estar com cada uma dessas delicadas criaturas; O seu silencio, sua palavra, sua deliciosa confusão de saberes deu-me parte dessa minha tristeza de hoje.

Depois que que se abandona a estrada, nada é suficiente, nada suplanta o tal sentimento de liberdade; eu vi a rua, sei como é viver na estradas, adormecer sob o céu cinzento e acordar com medo sabe-se lá de que.

No meio desse vazio de ter de abandonar algo que é parte de ti, sobra uma solidão, um depressão e a certeza de que nunca serei tão feliz quanto antes.




quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Os vãos da memória








"Essa conversa tem o cheiro da tua cama; eu deitada no teu colo e a gente rindo a maior parte do tempo..."





quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Por vir





A bifurcação na estrada obrigava o andarilho a tomar uma decisão; havia apenas dois caminhos e essa verdade era absoluta.

Para qualquer que fosse a direção, não dava para carregar tudo aquilo que o acompanhou por tantos anos; a dor, a vontade de esquecer, o desespero de ter tomado o caminho mais longo e principalmente o fato de não ter ninguém a quem culpar.


Na primeira escolha ele deveria acertar as contas com o tempo, se perdoar (Oh, isso seria inteiramente novo para ele...) Na segunda, ele continuaria a se esconder, fugir e negar aquilo que era....

Não pude ficar para saber que caminho ele escolhera, mas soube, muito anos depois, por pessoas que passaram por lá, que o andarilho continuava no mesmo lugar, olhando pra mesma bifurcação da estrada.

Para Bel e para A. Cruvinel