domingo, 27 de fevereiro de 2011

Oases negro


Entrei num bar pra comprar cigarro  e dei de cara  com ela cantando uma música que eu havia escrito dez anos antes. Parei pra ouvir. Do palco ela sorria pra mim e no final ela disse: vai lá menino, o mundo ainda é teu.
De todos os pub's de Sampa em tinha de entrar em um onde ela canta?




Olá meu amor.

Desculpe a ausência, o excesso de silêncio mas agora não da mais.
Este tempo em que estive fora foi bom... Eu sei, sei; eu deveria ter ao menos avisado mas fique tranquila por que eu não fiz besteira, eu firmei contigo um compromisso, fizemos um trato e minha palavra inda vale. ou não vale?!

Pois bem, já se foram dez anos... E eu te procurei em cada bar, em cada pergunta, em cada gole eu te procurava.
Ainda me fascinas; O brilho da tua boca, teu gosto por óculos e por flores modernas, A poesia jorrada à mesa na hora do jantar, as drogas que usas... Contigo aprendi a beber vodka e a chorar por amor.

Conheci algumas pessoas parecidas contigo, parecidas em força, intensidade, desespero... Mas nada se assemelhou a cor dos teus olhos, Nada chegou perto daquilo que são as tuas mãos trêmulas depois do sexo. Nada comparado ao mistério que és.

Ela - "Jhonny, a força dessa musica, as imagens que criaste pra eu cantar... Lembra em muito a força que tua presença teve e tem na minha vida. Acaba por restituir em mim um sentimento de delicada sutileza que eu ja perdi a muito; A europa faz isso com as pessoas....Só uma música faz sentido hoje, é quando surta em mim a sutileza..""

Teus livros não te dizem mais nada, as musicas não soam tão novas como quando estávamos a escreve-las... Isso pra mim.

Ela - "Vamos cantar essa música ate ficarmos deprimidos, depois vamos subir no Itália e pular de lá como se fôssemos eternos. Tua musica fala disso também..."
 Ele - Estamos velhos demais pra o suicídio.
 Ela - O que vais fazer agora?
 Ela - Ta amanhacendo... Preciso pegar um taxi, vou voltar pra Belém.

É facil ser duro, frio... É facil não querer nada quando não se tem nada!

 Ele - Foi pra isso que voltaste?
 Ela - Como assim?
 Ele - Recuperar alguma coisa perdida....
Ela - Foi!
Ele - Não ta mais comigo, eu não tenho mais.
 Ela - ( chorando) A verdade é que nenhum de nós pensou que seria assim, lembra que nós dissemos que a distancia engole qualquer coisa?!
Ele - Estávamos errados né?!
Ela - absolutamente errados...

Tem coisas que devem ser guardado pra sempre, já outras é preciso esquecer.

Ele - lembra d nosso trato? eu quero desfazer...
Ela - Por que?!
Ele - Por que? Por que deveria ter sido bom... E não foi!
Ela - ....
Ele - Eu quero ir embora, quero fugir mas a chave ficou contigo.


Olá meu amor, desculpa os contra-tempos, desculpa a dança maluca no final da noite, desculpa eu ter ido embora sem te acordar... Meu tempo é breve agora; desfaça nosso acordo, volte pra casa... Teus dons inda me iluminam mas me de licença que eu vou embora.


A tristeza fica por sua conta.







sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Vamos fazer de conta que... (Ou uma coisa que ela me ensinou)

tu a estás tirando ela de um prédio em chamas.



Meio  tonta ela olha nos teus olhos enquanto tu a carregas pra fora, passando pelos corredores em chama que fazem arder teu rosto e tu sentes as línguas de fogo lambendo tuas pernas.

não há muito tempo; a porta que dá pra o corredor de saída esta bloqueada, vocês estão no quinto andar e agora só existe uma chance: há uma janela aberta que vai dar em uma sacada já bem destruída pelo fogo, a sacada está frágil não aguentando vocês dois ao mesmo tempo, não há tempo para pensar:

Tu nem lembras como conseguiste te meter nessa cagada! como se o tempo congelasse tu começas a repassar os ultimo momentos dessa noite - devo estar morrendo - pensas!
Tu passavas pela rua, na madrugada, quando uma clarão te chamou atenção. muita gente na rua, gritos choro e uma prédio imenso imerso em labaredas vermelhas e amarelas.


"Tem uma moça lá dentro" - Um senhora grita chorosa em meio a confusão da noite. Num ímpeto de... Sei lá de que tu largas a garrafa e core na direção do inferno. sobes vários lances de escada até chegar a um donde ouves batidas na porta, batidas quase mortas. Quando te dás conta, estás parado com ela no colo olhando pra unica saída possível daquele inferno que tu escolheste pra ti.

A decisão já fora tomada; tu colocas ela pro lado de fora da janela, ela se apóia na beirada enquanto a escada dos bombeiros se aproxima para fazer o resgate.  A escada chega e uma bombeiro pega a moça e começa  a  tirá-lá dalí.

Tu ouves vozes te chamando atrás de ti, olhas e vê que os bombeiros abriram uma buraco na parede. Quando tu vais correr na direção dos bombeiros, todo o teto desaba em cima de ti, bloqueando qualquer possibilidade de salvamento! Mas tua morte não é imediata, tu ainda sentes alguns ossos quebrando com o peso de vigas de concreto, também sentes o cheiro do teu cabelo e pele queimando... O fogo toma conta do ambiente e te calas para sempre.

Ela acorda em uma cama de hospital, cercada de pessoas amadas e com um processo milionário a seu favor, contra a construtora do prédio recém entregue aos donos.

Os jornais falam de um fulano que se tornou héroi num salvamento histórico. Para ela agora, resta apenas a lembrança do teu rosto vermelho em meio ao caos e a prova de um amor verdadeiro.


O amor é cego, surdo e burro. Tu és um  otário, um otário morto.

Do átomo dirigível às substâncias mortas






Parado aqui, mas olhando, através dos olhos de quem partiu, pra alguém que ficou... Não seguiu as suas próprias regras.

Eu tinha diante de mim um mar que se chama solidão, que me chamava viver com ele este estado bipolar de tédio e euforia barata. Um mar cujas vagas vinham me beijar e afundavam meus pés na beira da praia, isso sempre me deu medo.

Quanto desencontro ainda haverá nessa nossa vida? Mas antes de mentir eu procurei te dizer a verdade, só que tu não quiseste ouvir, agora é contigo, escolha no que acreditar; uma mentira contada com sinceridade ou uma verdade absolutamente duvidável.

Se o pouco que tem, ainda tiver algum sentido então ainda há muito que fazer, até por que agora não há mais alternativa, nem onde se esconder é preciso trabalhar.

A vida é um mapa de palavras cruzadas, um criptograma onde nada se encaixa e as pistas eram as letras 'M' e 'A', o resto eu apaguei sem ler.

Eu te ofereço abrigo e carinhos pras feridas com as quais o tempo te presenteou. Confesso que eu mesmo ainda estou me recuperando de tudo, mas isso não é empecilho. Também posso cuidar de ti.

Lembra quando este caos era só uma possibilidade, e a insegurança era só uma fraca sombra? Hoje eles têm peso, substancia e malicia. Agora estamos longe de onde gostaríamos de estar embora aqui seja um lugar quase tranqüilo, quase livre, quase romântico... Que mal há em acertar as contas com o tempo?

Ontem encontrei com alguns dos nossos antigos amigos, me perguntaram por que não atendo mais meu telefone, por que eu nãos respondo e-mails e por que eu desapareci... Gargalhei alto pra mudar de assunto e não dizer no que ando pensando. Garanto-te que eu não vou rir de tudo isso.

Texto Jhonny Russel
Edição: ssheep.




terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Foto bonita pra começar o dia,




Por que esta semana o mundo, duas vezes, quis sair da sua órbita.
Eu ja avisei todo mundo, ja ligue pra sampa. Mas eu não vou conseguir ir pro velório ( desculpa) Eu me conheço e sei exatamente até onde eu posso ir e é isso, vou segurar até onde der.



Um beijo do amigo jhonny.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ela leu o título..

E fez uma cara de que não gostou.

"O Gran Cirquito"

Foto conceitual tirada pelo "pai mais lindo do mundo"

Musa - Que quer dizer isso pai?
Pai - Bom, eu quiz brincar de misturar coisas grandes e pequenas. Grande+cirquinho e...( ela me interrompe)
Musa- Ah, ja sei: É por que ele parece que é pequeno por fora, mais é muito grande por dentro, porque é mágico. Que nem a casa do Snoop.

Pai - é filha é isso mesmo....

Esse tipo de coisa ilumina meu caminho, transborda de ternura meu coração é a garantia de que algumas coisas na vida, eu fiz certo.


"O Gran Cirquito" é o novo espetaculo que escreví e está em processo de montagem.
é ela quem da sentido pras coisas que eu faço.


(Obrigado Musa)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A santa e a puta


Ha o cheiro de coisas mortas no caminho,  ha sombra e silencio por toda parte.

O medo toma conta do meu coração sempre que ouço passos na estrada. O rio secou, as flores se foram a terra está morta.

Da ultima vez em que estive na estrada, passei por uma casa que ardia em chamas aquecendo a madrugada gelada. Foi lindo ver toda aquela cor e fúria, assistir toda aquela destruição fez renovar na minnha alma as forças. Fiquei ali a madrugada inteira e depois, pela manhã quando restara apenas a lembrança duma noite aquecida, fui ver se sobrara algo de valor para quem sabe, poder trocar por comida.

Encontrei uma porta que levava a um porão. Desci com a arma na mão e com o peito bombeando medo desci. Havia no ar um odor quente que me lembrava carne cozida, continuei descendo a escada com muito medo do que poderia encontrar.

Liguei a lanterna quando a luz que vinha da entrada se tornou fraca, pude ver muitos corpos jogados uns por cima dos outros, eram corpor de mulheres semi despidas. Não estavam carbonizadas, elas morreram de calor. Eu ja havia ouvido falar neste lugar; funcionava com um bordel só que ao invés de dinheiro - pois sabemos que dinehiro não tem mais valor algum hoje- os viajantes pagavam com qualquer outra coisa que tivesse valor; água potavel, comida, proteção, armas...

Mas que tipo de monstro trancaria dezenas de mulheres num porão e colocaria fogo na casa em cima? ou será que elas, no desespero, tentaram se proteger la dentro se trancaram na própria sepultura?

Comecei recolher aquilo que me parecia ter valor; espelhos, algumas tinham brincos, colares, sapatos....

No canto mais escondido daquele sepulcro amaldiçoado havia uma corpo agarrado firmemente a um objeto que em principio não consegui distinguir.

Precisei chegar bem perto e virar aquele cadáver; a aquilo enconlhido no canto da parede e que uma dia fora uma mulher estava agarrado ao que parecia ser a imagem de uma santa. não sei que santa era pois nunca dei trela nem nunca entendi direito este tipo de devoção.
Vi que na mão daquele mulher havia um anel e tentei tirar. mas ela estava mesmo enrigessida segurando aquele pedaço de gesso tambem sem vida. Tive de usar muita força e quebrar alguns ossos.


- Que pedaço de carne teimoso - Pensei.

O mundo acabando e as pessoas ainda se apegam a fé... Esse cadaver por exemplo, poderia ter tentado fugir, correr, abrir a aporta e brigar no entando preferiu se agarrar a um pedaço de gesso, preferiu talvez rezar e buscar no nada uma resposta, sua salvação.... Ela preferiu se agarrar a própria morte.

Partí sem mais me preocupar com as escolhas que fazem os outros e eu teria levado a santa para trocar caso ainda tivesse rosto e não um buraco mostrando um gesso sujo e o sangue daquela prostituta.