sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Vamos fazer de conta que... (Ou uma coisa que ela me ensinou)

tu a estás tirando ela de um prédio em chamas.



Meio  tonta ela olha nos teus olhos enquanto tu a carregas pra fora, passando pelos corredores em chama que fazem arder teu rosto e tu sentes as línguas de fogo lambendo tuas pernas.

não há muito tempo; a porta que dá pra o corredor de saída esta bloqueada, vocês estão no quinto andar e agora só existe uma chance: há uma janela aberta que vai dar em uma sacada já bem destruída pelo fogo, a sacada está frágil não aguentando vocês dois ao mesmo tempo, não há tempo para pensar:

Tu nem lembras como conseguiste te meter nessa cagada! como se o tempo congelasse tu começas a repassar os ultimo momentos dessa noite - devo estar morrendo - pensas!
Tu passavas pela rua, na madrugada, quando uma clarão te chamou atenção. muita gente na rua, gritos choro e uma prédio imenso imerso em labaredas vermelhas e amarelas.


"Tem uma moça lá dentro" - Um senhora grita chorosa em meio a confusão da noite. Num ímpeto de... Sei lá de que tu largas a garrafa e core na direção do inferno. sobes vários lances de escada até chegar a um donde ouves batidas na porta, batidas quase mortas. Quando te dás conta, estás parado com ela no colo olhando pra unica saída possível daquele inferno que tu escolheste pra ti.

A decisão já fora tomada; tu colocas ela pro lado de fora da janela, ela se apóia na beirada enquanto a escada dos bombeiros se aproxima para fazer o resgate.  A escada chega e uma bombeiro pega a moça e começa  a  tirá-lá dalí.

Tu ouves vozes te chamando atrás de ti, olhas e vê que os bombeiros abriram uma buraco na parede. Quando tu vais correr na direção dos bombeiros, todo o teto desaba em cima de ti, bloqueando qualquer possibilidade de salvamento! Mas tua morte não é imediata, tu ainda sentes alguns ossos quebrando com o peso de vigas de concreto, também sentes o cheiro do teu cabelo e pele queimando... O fogo toma conta do ambiente e te calas para sempre.

Ela acorda em uma cama de hospital, cercada de pessoas amadas e com um processo milionário a seu favor, contra a construtora do prédio recém entregue aos donos.

Os jornais falam de um fulano que se tornou héroi num salvamento histórico. Para ela agora, resta apenas a lembrança do teu rosto vermelho em meio ao caos e a prova de um amor verdadeiro.


O amor é cego, surdo e burro. Tu és um  otário, um otário morto.

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