segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Pequenos malditos...

Na minha despedida teve um café forte pela manhã pra aguentar a longa viagem, o dia e tudo aquilo o que ele traria,
Teve flores em um vazo muito bonito colocado sobre a toalha branca, num ponto  demoradamente estudado da mesa, teve um bilhete amassado e manchado que fora guardado por longos anos... Teve olhos mareados e um cigarro pra anestesiar  a dor nos pulsos que ainda incomodava. - "Vai cicatrizar logo" - pensei antes de sair.

Tanto tempo depois eu ainda lembro daquela manhã como algo muito recente, tavez por que nenhum de nós tinhamos a ideia, ou esquecemos, por puro querer, que as coisas boas uma hora acabam, fato exposto e experimentado por quem viveu naquela cidade por um tempo... Um tempo quase indefinido, quase infinito, quase melhor que hoje, um tempo quase bom.

Em 96 eu tinha 16 anos, escrevia poesia beatnik, dirigia  um grupo de teatro da escola, cantava em uma banda e fazia a vida acontecer alí , bem na minha frente. O que ouve? Quem deixou aquele bilhete no meu caderno, quem desmoronou primeiro, quem não pediu ajuda... E principalmente por que nós não percebemos que eles precisavam de ajuda?
 Por que eramos adolescentes egoístas, achando que faziamos parte de um movimentop vaguardista e não olhavamos pra nada além da nossa própria imagem refletida nos olhos dos outro. Nunca tivemos coragem de olhar com verdade pros outros....

Acho que professores deveriam ter mais cuidado ao explicar certas coisas a alunos de desesseis anos.


Agora as paredes estão vazias, os quadros estão nela dependurados por fios de memória tão frágeis...Esses quadros estão ficando borrados, cada quadro é um lápso, cada moldura um flash, um choque nas pupilas e eu me sinto aprisionado em cada uma dessas fotografias....Agora toda palavra é muda e não ha anestesicos... estou velho demais pra isso!