Eu permito que tu te alimentes do que escorre pelos vãos dos meus dedos quando eu finjo que vacilo.
Vocês não conseguiriam imaginar, mas por alguns
segundos a verdade correu livre e é desconcertante perceber como algo belo pode
matar algo igualmente belo... Foi a morte de um sonho, o desabar de um anjo, uma
sinfonia de dentes quebrados e mesmo assim foi necessário respirar aquele ar
pútrido, provar daquela droga tão viciante.
Há quem afirme que a morte é o único lugar de
descanso do peregrino e todos nós pagamos um pouquinho por isso que resolvemos
trazer para junto, pagamos com um pouco de orgulho, com um tantinho assim de
fé.
E eu não to dizendo que
sinto muito, que não foi belo... Só to te dizendo que essa história não caba
aqui.
E no fim tudo foi como alvejar beija-flores em pleno voo...