VOGONS |
A mulher velha na recepção sorri sem dentes com o meu bom dia. Eu nem gostaria de lhe olhar na cara, mas preciso acessar recursos em órgãos públicos, e nada melhor, para ser bem e rapidamente atendido, que bajular gente sem poder e com carência de respeito. Na verdade este raciocínio funciona para tudo na vida; pegue um marginal, um ladrão de galinha qualquer e mostre um
Um órgão publico é como um organismo em estado de metástase; apodrecendo rapidamente, e cada parte se ligando à parte seguinte, levando seu chorume, sua sanha...
Funcionários públicos são criaturas horripilantes, gostam de cheirar papeis inúteis, gostam de se perder em corredores infinitos de arquivos mortos, proliferam no meio do lodo e na merda que as baratas depositam nas fichas de cadastro, adoram conferir as assinaturas, as cópias autenticadas e babam e mostram a bunda para quem lhe fizer o menor elogio, para quem lhes der o mais cínico dos sorrisos interesseiros.
Aqui sentado em cima do mofo, percebo a fila se formar longa e sem personalidade; uma enguia sem cabeça e sem rabo se debatendo, murmurando maldições.
- Senhor (com voz monstruosa) para ter acesso ás entranhas do porco ele não preciso estar morto, vai gritar e morder e por isso mesmo é preciso segurar firme e enfiar a estaca no reto do animal.
- Mas senhora (com voz submissa) Nós já demos entrada no pedido de licença para comprar as estacas especiais, destas que entra e vai rasgando a carne do bicho, causado dor e hemorragias...
- Deve ter acontecido de termos perdido os seus papeis, vais ter de dar entrada nisso tudo novamente.
-Mas e o porco, vais emagrecer nesse tempo?
- Meu caro, Isso não é problema meu! – e quase quebra a mesa com uma carimbada: INDEFERIDO!
Assim são funcionários públicos... Assisto isso tudo aqui de cima do mofo ao tempo que desejo matar todos eles.
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