terça-feira, 13 de maio de 2008

Fora



E havia muito inda a dizer...
teu sonho alimentado de cor e fogo, tua voz que sabia muito bem quando não não dizer (e quando sim, não dizia tudo...).

Era nela mais que mera tatuagem desbotada, era a própria pele...

Flores vivas em naturezas mortas, a eterna espera por aquele homen que não viria nunca, o fogo a nos guiar de noite, os pés aninhados na areia quente...

Mas nada quiseste compartilhar e guardaste cada uma das tuas palavras pra ti mesmo, e eram tão belas as tuas palavras poeta...

Quando em noites de ópio e rouquidão, banhavas todo o oceano no teu oceano de águas tão impuras. Mas eram raras estas noites, não as de ópio, mas eram raras as noites em que te lançavas à generosidade, e compunhas junto ao cigarro, ao som do mar e junto de mim, versos que nunca lembrarei.

Hoje o poeta se foi, dizem que em uma carruagem de fogo subiu aos céus, e louco de tédio e risos, se lançou de volta e caiu no mar...

Talvez seja por isso que sempre voltamos aquele lugar, com esperança de um dia ouvir de novo a voz do poeta.

Disseram: "É louco o poeta..."

Quero ser doido varrido feito ele, por que aqui em Belém, a sanidade é a véspera da morte.

De uma coisa eu lembro:





Tal e qual !

qual nada !

qual cada um de nós hoje aqui...




(Bufo)

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