sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Delirante flor sem eco
Jogar o corpo contra o ar num salto incoerente e irresponsável...
Eu te entendo menos do que gostaria.
Vibra e vê que nesse caminho o frio é companheiro e a palavra o único solfejo de vida...
Dor, desembaraço e refinado apego por coisas que só não são mais volúveis do que nós mesmos.
Quando eu te conheci, parecias uma bichinho assustado; olhos cansados de ver coisas ocas e de asas escondidas...
Daí pensei, por que esta criatura se arrasta se pode voar?!
Então ganhei tua confiança e te levei para ver o mundo lá do cume da árvore mais alta, no lugar mais lindo do mundo.
Te coloquei diante dum espelho e viste quão bonita criatura és. E que ter asas faz de ti única.
Depois, quando já sorrias e aquecida olhavas a paisagem do mundo, te empurrei lá de cima.
Enquanto caías e me olhavas, eu quase pude sentir um beijo vindo na minha direção e desarrumar meus cachos...
Nunca ouvi tua voz, nem quando quebraste tuas asas contra as pedras lá em baixo.
Bastava fechar os olhos e abrir as asas....
(Bufo)
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Um comentário:
Há neste ensaio imagens que me remetem à sensibilidade e aos encantamentos daqueles furtivos primeiros-encontros da adolescência.
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