segunda-feira, 4 de maio de 2009

As pupilas dilatadas da neurose

O medo










O medo tomou conta de mim, estou sozinho agora.


O medo tomou conta da minha vida e minha voz agora é um leve sussurrar de coisas inaudíveis.


O medo tomou conta das minhas mãos e sequer consigo abrir a porta pra fugir daqui.


O medo tomou conta dos meus olhos e agora já posso ver as paredes do meu quarto sangrando.


O medo dominou minha firmeza de pensamento e quando tento olhar pra fora pela janela, os monstros que me habitam saltam na vidraça urrando de ódio e querem me morder.


O medo dominou minha vontade e agora já esqueci as frágeis canções da minha infância.

Eu tomo remédio, eu não durmo, eu estou esmorecendo.

Eu sinto medo e não existe nada que eu possa fazer pra resolver isso.


O medo me leva apensar em todos os mortos que carrego comigo e me faz esquecer de antes quando eu tinha alegria em viver perto do perigo.


Não vejo mais graça em um belo prato de comida nem na presença dos amigos nem a casa cheia de sobrinhos e irmãs.

Não tenho forças pra mudar esta situação.

Eu não sei onde estão meus filhos nem minha mãe, acho que o tempo levou-os de mim.


Onde está a mulher que eu amei?

O tempo também levou de mim.







2 comentários:

Cosmunicando disse...

a neurose quando ataca, nos derruba no vazio do medo...

Nathi disse...

Olha, você já escreveu aqui umas coisas bem macabras, mas este...supera qualquer um!!

Respira fundo e "ao infino e Além!!"

Sempre há uma maneira de ver as coisas por outro lado!!