quinta-feira, 30 de julho de 2009

Elefante branco



Vamos matar todos os elefantes, façamo-os cair um a um.



Que deitem sobre esta terra seca a sua carcaça pesada e crua, seja o chão adubado e fermentado com sua baba e seu sangue morno.



Façamo-lo agora!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Bufo Real

Imprevisivel, delinquente, delicado, macio, ríspido, inconsequente...

E "O teu amor é uma mentira que a minha vaidade quer"

Vinte e poucos anos





Quando eu era criança eu gostava de ficar olhando pras nuvens... que se mechiam calma e quase ipnóticamente viajando e eu nunca soube dizer pra onde.


Eu ficava horas olhando pra elas e imaginando bichos, lugares, pessoas e outras coisas muitas no silencio e na paz das nuvens que la em cima se moviam.



Quando eu era criança eu gostava de ficar no escuro, de olhos bem abertos no negrume absoluto, num breu, que só hoje eu sei, refletia a minha alma.



Eu ficava la acordado por horas antes de cair no sono e enquanto ele não vinha eu ficava buscando, naquelas imagens que se formavam na minha frente, algum sentido por mais alegórico que fosse, praquela vida que eu começava a levar. Naquela vida pra qual eu não encontrava sentido algum. E a pesar da falta de referencias, apesar da falta de seginifcado pra minha suposta existencia eu me considerava expecial.


Um dia enfim eu percebi que não era especial porra nenhuma mas não me senti tanto pior eu ja me sentia desde sempre.



Eu não engulo vidro, pensei certa vez e comecei a entender certas coisas; que a humanidade nunca vai mudar, que existem verdades absolutamente dispensáveis à vida das pessoas, que eu estava sozinho.



Depois, quando eu não era mais criança, continuei procurando sentido pras coisas que eu falava e ouvia. A resposta era o mesmo siliencio cheio de paz que me confortava na minha infancia quando olhando pra o céu, eu me reconhecia em cada nuvem.



Então eu não queria mais ser- humano. Não queria mais esta maldição a que damos o nome de coinsciencia. Eu não queria mais sustenatr esta figura humana e tão decadente.


A primeira atitude que tomei foi me calar diante dos homens. Não mais falava e depois de algum tempo também não mais ouvia, esqueci meu nome e não reconhecia em nenhuma atitude humana qualquer semelhança naquilo que eu reconhecia como humanidade.



Eu neguei tudo oque pudesse lembrar em mim algo de rude, de mediocre, de enfermo e de humano. E na tentativa de esquecer o código genético sapiente, nessa ofensiva negação da minha natureza eu fiquei em duvida entre me tonar uma maquina ou me tornar um bicho.




Doutra feita, me disseram que todos tem em algum lugar uma coisa chamada alma-gêmea e que a isso procuramos - Eis algo que vale a pena ir buscar - Pensei.



Um dia percebi que minha almagêmea sempre tivera o peso, o fedor e de fato sempre fora um cadaver que por toda a vida eu carreguei comigo, e como a me recusar a aceita uma perda segui mais calado ainda. Mas não se pode perder uma coisa que nunca se teve então não ha nada pra se aceitar.





Deixei pra trás tudo isso. Veio a primeira paixão, a segunda, a terceira e apesar do refrão previsivel, também uma quarta paixão.


Me veio o mundo, as pessoas, a solidão, o tempo e nenhum ato de heroismo.


Eu meio-jovem ou quase-jovem ou ainda; menos-assim me tornei um semi-delinquente um apagador de uma historia que nunca fora escrita.


Viví em guetos, comia oque encontrava sem me preocupar se aquilo ia me alimentar ou não. Desfalcado de um sentido de lar apenas fui... Percebi que deveria parar de me preocupar com quem eu era ou se era bom ou mau... Isso eu ia perceber a medida que me inventaria.

Assim fui crescendo me aproveitando das migalhas emocionais que nunca me faltaram. Eu nunca tive nada que fosse meu de verdade e nunca fiz planos.Eu nunca quis ser rico, eu nunca quis ser esperto...

Hoje eu não sou mais moço e també não sou velho... Mas to na metade do caminho.


Uma vez a muito tempo eu desejei ser especial, mas como eu ja disse isso foi a muito tempo.

Sobre a primeira vez que eu quiz dizer sim.

Era uma noite assim mais ou menos normal como todas as noites normais.
Era vespera de alguma coisa muito importantante na minha vida, alguma coisa que eu não lembro agora.

Era também o fim de um sonho e o começo de outra coisa que ainda não acabou e que também não tem nome

Eu quiz dizer, eu tentei dizer mas fiquei mudo.

Eu precisava de um tempo pra ver a vida passar.... Nada demais, nada pensar naquilo que eu perderia, ou ainda, naquilo que eu deixaria de ganhar... Eu só queria ficar jogado um pouco no sofá vendo a vida passando, deixando a tv consumir o brilho dos meus olhos.

Daquela tarde eu lembro das andorinhas no quintal de casa, lembro dos teus olhos vernelhos, os pratos quebrados na pia, o resto do bolo da festa de aniversario na noite anterior, o vento que trazia a areia salgada da praia.


"Choro toda vez que ouço poemas que falam de andorinhas... E a culpa é tua"


Da noite anterior lembro dos pés molhados e da boca seca, as nuvens nuas lá longe deitando sobre nós uma sombra de conforto e certeza de que o mundo nunca acabaria, ao menos não naquela noite, poemas sujos lidos ao bom gosto de vinhos doces e cigarros improvisados.

Lembro também duas mão suadas, da carne trêmula sob uma colcha de retalhos vernelhos e dos teus olhos azuis que sempre me confundiam de modo a não me deixar saber se era ceu ou oceano aquilo que eu via quando te olhava.

Mais tarde veio o frio, o corpo encolhido quando fomos nadar de madrugada e a festa continuava lá fora e durou os três dias..

Teve também um beijo que era o fim, teve o não conseguir pagar pelas ilusões que compramos, teve o peso da tua falta, teve minhas palavras mudas, teve o despencar do ceu do teu riso que agora não era mais pra mim; Não me iluminava mais alma nem o caminho... Então fiquei no escuro... E teus olhos cegos ficaram sem ter a quem guiar. E então os nossos acordos e nossa aliança foram quebrados pra sempre.

Neste dia vimos a besta se levantar do mar e imediatamente um incendio começou nos nossos corações e tivemos uma ideia; arrancar-lhe os chifres pra que ela perdesse o dom de enganar. E foi oque fizemos e lá da alto da cabeça da besta com os chifres nas nossa mãos vimos o grande erro que cometemos e foi triste ver doze bilhões de olhos caindo e virando petalas e borboletas de papel de ceda antes de tocarem a água salgada do mar... E depois voltamos pra os braços de uma geração que não nos aceitava apenas por que eramos diferentes, apenas por que tinhamos sonhos.

Nós vimos que o diabo não era tão feio, nós vimos tudo isso e meus olhos ainda sangram quando lembram.

Foi aprimeira cena do primeiro e ultimo ato.


Daí a vida corria mansa nos nossos corredores sem muita coisa pra fazer e dessa vez não choveu, esta foi a unica vez que não choveu em mim.

Daí a vida era apenas aquela modorra de tarde cinzentas, barcos parados na linha do horizonte sem saber pra onde navegar... Palavras violentas contra ouvidos moucos.

Daí a vida é mastigar capim e moer vidro dentro dos olhos, deixando o tempo consumir nossa juventude mas nunca nossa delicadeza.


Esta foi a primeira vez que eu quiz dizer, mas eu não disse.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Doi

Que o poema seja brando e tenha asas,
Ques seja claro o dia, que o norte e o sul ainda estejam no mesmo lugar pra que o poema ache logo o caminho e um dia descanse nos teus olhos e ouvidos...

(este é pra ti)