segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sem título ( Sugira um titulo pra esta postagem)


E os olhos dela derramavam luz na seda da minha gravata suja e amarrotada

O dia seguia sem muitas promessas, se alongando mais do que o necessário em tempos de extrema loucura e vazio.
Era cedo ainda pra sair; a luz lá fora nos cegaria e nos mandaria pra o inferno assim que um raio seu atingisse nossas retinas... A noite se recusava descer sobre nós, a escuridão teimava em não nos abraçar.
Nosso desejo era que o sol desabasse pra o outro lado da terra e por lá ficasse por muitos anos, por um sem contar de tempo... A cinza dos cigarros repousavam sobre o carpete, sobre os copos na mesa sobre nosso vidas. O cinzeiro permanecia limpo, intocado.

É claro que todos nós estávamos muito assustados ali dentro; quando será que vão arrombar as portas? Quanto tempo teríamos até que o medo, o senso de moral de quem não tem moral, destruísse tudo ao redor? Se arrepender, buscar um deus longínquo, sem rosto e imaginário seria de alguma valia na hora em que estivessem enfiando estacas nos nossos corações amaldiçoados?

A chama dos nossos olhos brilhava na penumbra daquela sala, tínhamos ali o futuro e a possibilidade do presente sem pagar nada por isso. Quando foi que porta se fechou pela ultima vez?

Quando te olhei pela ultima vez, percebi que eras a fraca sombra daquilo que conheci; os poemas, os risos, tua maquiagem, a cor da tua pele, o desejo exasperado pelo teu quadril nu, nada mais fazia sentido no momento em que te elevavas ao teu tempo de origem... Não disseste nada, com um sinal pediste um cigarro, te dei... Não me despedi, não te dei um ultimo beijo, te deixei partir.

Permaneci quieto enquanto as pessoas desapareciam uma a uma naquele principio de noite, naquele fim de vida que foi o ultima dia da alvorada deste tempo.