segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Dez anos depois - Uma história de família

Um dia eu tive de enterrar um filho.

Isso mecheu comigo e mudou minha vida de uma maneira unica e triste. Qual a novidade nisso?
Nenhuma; qualquer pessoa com o minimo de atividade cerebral choraria, olharia pro distante inatingivel e se pergunria o por que daquilo, desejaria morrer (talvez eu já tenha morrido). uma coisa que me chama atenção naquele momento é que eu não pensei que era obra do diabo, não culpei ninguém, não pensei em deus, na verdade eu nunca mais pensei em deus.

Mas eu fiz tudo direitinho; encaminhei os tramites legais, paguei as contas e carreguei aquele pequeno caixão até o local donde eu me despediria da filha que viveu apenas cerca de seis horas.

Isso nem é uma queixa nem nada; se eu pensar direito eu fui ate bem afortunado: A mãe, nem pode se despedir, estava no hospital internada. (ela esta viva e hoje somos grandes amigos, ela é madrinha da segunda filha que tive com muita saúde e toda alegria do mundo ilumenando o meu caminho como a me recompensar...)

Eu não me tornei amargo por conta da perda, não me transformei em um monstro magoado com a vida.

Eu só passei a viver com muito medo de ter algo que fosse meu e que eu pudesse perder. Não sei direito por que eu me lembrei de tudo isso... Talves o assombro de saber que joguei no lixo os ultimos três anos da minha vida, talvez...


Nao sei por que isso volta a tona dez anos depois...



Vou ficar atento.

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